Poucos conceitos são tão mencionados em liderança quanto a confiança. E poucos são tão mal compreendidos.
Não se trata de uma questão de carisma, nem de tempo de casa, nem de ter um “perfil agregador”. Confiança é um tipo de conexão que fortalecemos (ou enfraquecemos) a cada relação. No ambiente de trabalho é formado pelas micro percepções que o time vai construindo todos os dias tanto sobre a liderança quanto entre seus membros. Ela não pode ser imposta, nem acelerada. Confiança vai se fortalecendo na medida em que as relações vão ganhando mais transparência, conexão e coerência.
E, acima de tudo, é um sentimento muito frágil.
Pode levar meses para ser construída e segundos para ser rompida. Uma escuta apressada, um feedback atravessado, uma decisão unilateral. Tudo isso vai se acumulando e impactando o clima de trabalho. Quando a confiança é baixa, o time opera com cautela, com precaução, evitando trazer novas ideias ou assumir riscos. As relações se transformam num jogo social. Todos sabem quais os rituais que precisam ser seguidos, e o custo deles serem quebrados.
E um time que opera com base no medo está mais preocupado em se proteger do que em criar. Mais atento ao humor da liderança do que à missão que estão construindo juntos.
Quais são os sinais de baixa confiança?
- Faltam conversas difíceis. E quando acontecem, são superficiais.
- Ninguém admite erros ou desconhecimento em público – estes são escondidos ou terceirizados.
- Feedbacks descem, mas raramente sobem.
- As pessoas tendem a concordar com tudo, para não ser visto como o do contra.
- Decisões são tomadas “no topo” e comunicadas depois.
- A criatividade é baixa. E as novas ideias parecem não ter muita relevância.
- O clima é “ok”, mas não existe entusiasmo, brilho ou vontade de ir além.
Baixa confiança não significa necessariamente hostilidade, mas gera algum nível de distanciamento. Isso cria equipes que se protegem da liderança, ao invés de se apoiarem nela. É um ambiente em que as pessoas fazem o que é pedido, mas não se engajam completamente. Não porque sejam descomprometidas, mas porque sentem que não há espaço e encorajamento para expressar todo o potencial.
O que fazer então para construir confiança real?
Começando por alinhar discurso e prática. Com disposição para escutar sem se defender. Com interesse autêntico nas pessoas, não apenas nas entregas. Com coragem para assumir responsabilidade pelos impactos negativos. Com vontade de criar espaços para conversas profundas e transformadoras, e não apenas alinhamento. Com paciência para entender as motivações e necessidades do outro, mesmo em momentos de tensão.
Na Liderança Integral, entendemos a confiança como o elo invisível que possibilita uma cultura de alta performance. É ela que permite a expressão da vulnerabilidade e da espontaneidade, que apoia o processo criativo, que libera o potencial das pessoas. Sem confiança os times tendem a operar no modo “piloto automático”, sem interesse em fazer melhor ou diferente. Com confiança, a sinergia e a colaboração aumentam gerando soluções que pareciam impossíveis.
E, como tudo o que é fundamental, a confiança precisa ser nutrida constantemente. Ela não cresce a partir dos grandes gestos, mas da consistência dos pequenos. Não é o discurso inspirador que alimenta a confiança, mas a atitude repetida.
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